A popularização das criptomoedas tem chamado a atenção dos criminosos. O FBI já informou que as criptos tem se tornando o meio de pagamento preferencial para a maior parte dos scams (golpes digitais).
Nos Estados Unidos, um em cada cinco americanos já utilizam as criptomoedas, o que representa algo em torno de 59 milhões de pessoas. Segundo a FTC, nos primeiros quatro meses de 2022, mais de 46.000 pessoas reportaram perdas que somam 1 bilhão em fraudes com criptomoedas.
Os reguladores americanos já advertiram os bancos que lidam com criptomoedas sobre os vetores de riscos. Dentre alguns motivos que favorecem a fraude, podemos citar a ausência de uma entidade central para análise e bloqueio de fraudes, a impossibilidade de reversão de transações e o grau de conhecimento das pessoas, que ainda não estão familiarizadas com a tecnologia.
No Brasil, igualmente, as fraudes com criptomoedas estarão em alta. Listamos abaixo os principais golpes com criptomoedas para ficar atento e evitar ser vítima:
- Golpes de investimento: São os golpes que promete, que a pessoa irá ficar rica, sem qualquer risco, ou grandes rentabilidades. As vítimas são assediadas por meio de redes sociais ou mesmo aplicativos de relacionamento. As vítimas são motivadas a comprar criptomoedas e conectar aplicativos maliciosas na wallet, permitindo o furto. Em outros casos, transferem voluntariamente para a carteira do atacante, acreditando na estória contada.
- Golpes de romance: Após se conectarem com as vítimas e ganharem a confiança em aplicativos de encontros, os contatos informam que são especialistas em investimentos e convencem a vitima a transferir criptos, motivadas por promessas de bons lucros e pela paixão.
- Golpes da falsificação de identidade ou emprego: Criminosos se passam por governos, empresas ou bancos e convencem usuários a comprar criptomoedas emitidas por estas empresas. Estas criptomoedas são normalmente falsas. Pessoas chegam a pagar criptos, igualmente, para conseguir uma oportunidade de trabalho ou emprego.
- Golpes Rug Pull: Os criminosos propõem à vitima uma nova oportunidade em criptomoedas ou tokens não fungíveis (NFTs) que precisam de investimento inicial. Quando os iniciadores do projeto recebem os fundos, desaparecem deixando os investidores sem qualquer retorno.
- Phising Scam: O Phishing scam se vale de e-mails e mensagens com links maliciosos para coletar a key de wallets ou mesmo permitir conexões diretas de uma aplicação descentralizada na wallet vítima, fazendo com que ela perca seus tokens.
- Social Media Scam: Os criminosos também se valem de anúncios patrocinados, postagens ou mensagens nas redes sociais para lesar vítimas. As plataformas mais usadas são Facebook, Whatsapp e Telegram.
- Pirâmides ou Esquemas Ponzi: Esquemas de pirâmides são ilegais e via de regra os fundos dos investidores recentes vão para os antigos e não ocorre a sustentação.
- Golpes de upgrades: Os criminosos enviam para as vítimas falsos anúncios de plataformas, exchanges ou wallets de “atualização”. Quando a vitima instala o “upgrade”, pode coletar as credenciais de acesso.
- Sim-swap: Embora não seja um golpe específico de criptomoedas, este golpe é listado considerando que os criminosos, a partir do momento que conseguem clonar o celular da vítima, vão tentar acessar ou resetar as senhas de exchanges e wallets, já que comumente tem acesso ao segundo fator de autenticação.
- Falsas wallets ou exchanges: Usuários menos experientes podem ser conduzidos a investirem em uma “oportunidade” de uma Exchange, porém estas oportunidades não existem. Outra submodalidade é o golpe do pool de mineração, onde criminosos usam a identidade visual de grandes exchanges para roubar as vítimas. Em alguns casos as vítimas serão conduzidas a acessar ou baixar uma aplicação que se conecta na wallet e tira todo o dinheiro.
Algumas orientações são muito importantes e podem evitar que pessoas sejam vítimas destes crimes digitais envolvendo criptomoedas:
- Somente fraudadores prometem retornos surreais e lucratividade, já que não existem garantias em investimentos com criptomoedas;
- Nenhuma entidade irá requerer que você faça compra de criptomoedas;
- Não confunda relacionamentos com investimentos. Se um relacionamento amoroso está lhe pedindo para investir em cripto, fuja;
- O governo ou empresas não tem legitimidade para lhe mandar e-mails ou mensagens para você comprar criptomoedas;
- Nunca clique em links que receber sobre o tema em mensageiros e redes sociais;
- Nenhuma empresa pede criptomoedas para que você participe de processo seletivo;
- Jamais conecte uma aplicação de investimentos na sua wallet, sem uma análise detalhada;
- Nunca pague mais criptomoedas para ter direito a “sacar” o investido ou “roubado”;
- Sempre cheque o endereço de destino colado ou lido via qr-code antes de transferir criptos;
- Ative sempre os níveis máximos de segurança e privacidade de sua wallet ou Exchange.
Caso tenha sido vítima, preserve todas as provas, registre a ocorrência e procure um advogado especialista em criptomoedas para que se possa seguir os procedimentos jurídicos visando responsabilização civil e reparação de danos.
José Antonio Milagre, PhD. Advogado especialista em Crimes Cibernéticos. Diretor de Forense Digital e Resposta a Incidentes da CyberExperts. Perito Especialista em Segurança Digital, Resposta a Incidentes e Crimes Cibernéticos. Certificações CIPM, CDPO IAPP, DPO EXIN, ISO 27701 Lead Implementer PECB, Graduação em Análise de Sistemas, Pós Graduado em Gestão de Tecnologia da Informação. Mestre e Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista UNESP, Presidente da Comissão de Direito Digital da OAB Barueri/SP.
Site: https://www.direitodigital.adv.br
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